Lição 13 – IGREJA: A EXPRESSÃO DO REINO DE DEUS

 Discipulando ciclo 1

Discipulando ciclo 1


MEDITAÇÃO 
“Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o
povo adquirido, para que anuncieis
as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa
luz; vós que, em outro tempo, não
éreis povo, mas, agora, sois povo de
Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes
misericórdia" (1 Pe 2,9,10). 

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA 
SEGUNDA - Mateus 16.13-18 
TERÇA - Mateus 18.17 
QUARTA - Atos 2.47 
QUINTA - 1 Coríntios 10.32 
SEXTA - 1 Coríntios 14.33 
SÁBADO - Efésios 1.22

TEXTO BÍBLICO BASE 
Mateus 16.13-18
13 - E. chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser
o Filho do Homem? 
14 - E eles disseram: Uns. João Batista;
outros, Elias, e outros, Jeremias ou um
dos profetas. 
15 - Disse-lhes ele: E vós. quem dizeis que
eu sou? 
16 - E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 
17 - E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-
-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque
não foi carne e sangue quem to revelou,
mas meu Pai, que está nos céus. 
18 - Pois também eu te digo que tu és
Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

ORIENTAÇÃO
AO PROFESSOR 
INTERAGINDO COM O ALUNO 
Chegamos ao final desse primeiro
ciclo de estudos bíblicos. A jornada
rumo ao aprofundamento da vida
com Cristo está apenas em seu início.
É importante deixar claro aos alunos
que o aprendizado requer persistência
e constância. Assim, é de bom alvitre
adiantar que eles sempre terão o que
aprender, mas o básico e necessário
é o que eles estão conhecendo nesse
primeiro ano com os quatro ciclos de
Discipulando. Nessa última lição o
assunto é vasto, por isso, o material
ora apresentado trata-se do estudo
da Igreja no contexto e perspectiva
do projeto divino do Reino de Deus.
Os desdobramentos e pormenores
da vida em comunidade serão devidamente abordados nos próximos ciclos
de Discipulando. 



OBJETIVOS 
Sua aula deverá alcançar
os seguintes objetivos: 
1 Diferençar Igreja de Reino de Deus; 
2 Explicar a natureza da Igreja; 
3 Esboçar o papel da Igreja como coletividade dos discípulos de Cristo. 

PROPOSTA PEDAGÓGICA 
Desde a antiguidade o mundo parece ter
sido organizado, ainda antes de geograficamente, pela identificação dos grupos, sobretudo, pela afinidade na forma de se pensar.
As pessoas sentem-se bem convivendo
com outras que têm os mesmos anseios e expectativas e, por conseguinte, pensam
de forma parecida. Gostamos de estar com
quem mais se parece conosco. Tal é uma
realidade em todas as áreas, indo desde
a questão social até familiar, Em termos
religiosos esse tipo de organização é uma
realidade. Tendemos a conviver apenas com
quem professa a nossa fé e crê nas mesmas
coisas que nós. Até aí, tudo bem. Entretanto,
com base no exemplo de Jesus, será que
devemos nos negar a conviver com quem
pensa e crê diferente de nós? A relevância
dessa reflexão reside na ideia comumente
propagada de que todos os que abraçam o
Evangelho tornam-se pessoas orgulhosas
que não mais se importam com as demais.
Certa feita, Jesus comparou as pessoas
que o seguem como o “sal da terra” (Mt
5.13). Para que serve o sal? Se o sal tornar-
-se insípido, isto é, sem gosto e poder de
“salgar”, pode ainda ser útil como sal? Se
o sal não for colocado nos alimentos, pode
salgar? Assim como em todas as demais
lições, as perguntas são reflexivas e levam
os alunos a pensar acerca de sua nova vida
e também da vivência e prática nesse novo
modo de ser. Destaque a necessidade de
nos identificarmos com o Mestre Jesus,
pois Ele. mesmo imerso em locais que
nada tinham de pureza e muito menos de
santidade, viveu para glória de Deus fazendo a vontade do Pai. O exemplo do Senhor
evidencia a possibilidade de cada um de nós
assim também vivermos. Não é convivendo
apenas com quem professa a mesma fé que
nós que provaremos sermos discípulos de
Jesus Cristo. Aliás, é justamente a maneira
como nos tratamos, e às pessoas a nossa
volta, que provamos que somos discípulos
de Jesus e fazermos parte de sua Igreja. 

INTRODUÇÃO 
Desde o Antigo Testamento, o Criador
se valeu do matrimônio para exemplificar
o seu relacionamento com o povo de Israel
(Jr 2.32; 31.32; Os 2.19,20). Em o Novo Testamento, a realidade é a mesma, a intimidade
do relacionamento conjugal é o exemplo
mais apropriado, na perspectiva do apóstolo Paulo, para traduzir a forma como se
dá o tratamento de Jesus Cristo em relação
à igreja (Ef 5.25-32). Após mostrar o quanto
o esposo deve amar a esposa, o apóstolo
traça um paralelo entre a unidade do casal
e as pessoas que acolheram a mensagem
do Evangelho e que, por isso, são membros
do corpo de Cristo. Assim, para o chamado
apóstolo dos gentios, o paralelo entre o
casal e Cristo e a Igreja é perfeito, pois
demonstra o quanto há de similaridade
entre ambas as relações. Em se tratando
de "corpo de Cristo”, é imprescindível que
vejamos o que isso significa, ou seja, quais
as implicações do fato de sermos “membros” do Corpo do Senhor. 

1. IGREJA: UMA EXPRESSÃO
DO REINO DE DEUS 
   1.1 -O projeto do Reino de Deus. Desde
as primeiras Lições, ficou claro que apesar
de o Criador amar a humanidade, esta lhe
virara as costas, tendo Ele então eleito um
povo que, a partir do chamado de Abraão,
formara para levara sua mensagem a todas
as nações (Gn 6.5,11,12; 12.1-3; Êx 19.6: Dt 4.1-8). Como este povo, apesar de dever tudo o
que é a Deus, resolveu igualmente virar as
costas para o Criador e exigiu um exclusivismo que nunca fez parte do plano original
para eles (Dt 32.1-47; 2 Rs 17.20; Os 8.3; Jo1.11), fez-se então necessário que o próprio
Deus tomasse uma iniciativa inusitada: enviasse o seu Filho, o qual se tornou humano
e viveu integralmente tudo o que Criador
planejou para que Israel fizesse e com isso
influenciasse a humanidade toda (Lc 2.32).
Lamentavelmente, nem com essa atitude
divina Israel arrependeu-se, antes, por causa
da revelação do projeto do Reino, e de este
não ser necessariamente como a expectativa judaica o concebia, Jesus foi alvo de uma
conspiração orquestrada pelos religiosos de seu tempo (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.9-18). Não obstante, com o Mestre inicia-se o
reinado de Deus, pois Ele cumpriu a vontade
do Pai, servindo a humanidade (Mt 20.26-28;
Mc 10.42-45 cf. Mc 1.1,15). 
    1.2 - A ampliação do alcance do reinado de Deus. Com a rejeição do Filho de
Deus por parte de Israel, o plano de um
povo que serviria de exemplo servindo
ao mundo todo, acabou oportunizando ao
próprio Criador que, através de Jesus Cristo,
alcançasse diretamente a qualquer pessoa
que humildemente acolha a palavra do
Evangelho (Mt 10.5-8 cf. Jo 1.12,13; Mc 16.15). 
   1.3 - A mensagem dos seguidores de
Jesus.
Jesus mandou aos seus seguidores
que pregassem o Evangelho em todo o
mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20; Lc 24.46,47).
O que é o Evangelho? Não se trata de um
discurso ou de uma nova religião, mas de
um novo tempo que, através da pregação
do Evangelho (Boas Novas, o anúncio desse novo tempo), torna-se conhecido, pois
já chegou e é projetado e executado pelo
próprio Deus (Mc 1.1,15; Lc 17 20,21). 

AUXÍLIO DIDÁTICO 1 
Uma vez que esse primeiro ciclo
de estudos tratou do Reino de Deus, é
oportuno destacar o estudo do teólogo
Michael Dusing, quando este afirma que
uma fdas formas de "entender o caráter
da Igreja do Novo Testamento é examinando o seu relacionamento com 0
Reino de Deus (gr, basileia tou theou). O
Reino era um dos principais ensinos de
Jesus durante seu ministério terrestre.
E. na realidade, embora os evangelhos
registrem apenas menções especificas á
igreja (ekklêsia. todas as declarações de
Jesus, registradas em Mt 16 e 18). estão
repletos de ênfases ao Reino” (DUSING,
Michael L. A Igreja do Novo Testamento In HORTON, Stanley M. (Ed.), Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal.
i.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.552).
Tal verdade é inegável. Por isso vale a
pena, uma vez mais, falar que, conforme o mesmo autor, o “termo basileia
(‘reino’) é usualmente definido como o
governo de Deus, a esfera universal do
seu dominio. Seguindo esse modo de
entender, alguns fazem distinção entre
Reino e Igreja. Consideram que o Reino
inclui todas as criaturas celestiais não
caídas (os anjos) e os redimidos entre a
raça humana (antes e depois dos tempos
de Cristo). Por contraste, a Igreja consiste
mais especificamente de seres humanos
regenerados mediante a obra expiatória
de Cristo. Os que defendem tal distinção
acreditam também que o Reino de Deus
transcende o tempo e tem a mesma
duração do Universo, ao passo que a
Igreja tem um ponto inicial específico
e também terá um ponto culminante
específico, na segunda vinda de Cristo.
Partindo-se dessa perspectiva, portanto,
o Reino consiste nos redimidos de todos
os tempos (os santosdo Antigo edo Novo
Testamento), enquanto a Igreja consiste
naqueles que foram redimidos a partir
da obra completa de Cristo (sua crucificação e ressurreição). De conformidade
com esse raciocínio, a pessoa pode ser
membro do Reino de Deus sem pertencer à Igreja (por exemplo, os patriarcas
Moisés e Davi), mas quem é membro
da Igreja pertence simultaneamente ao
Reino. À medida que mais indivíduos se
convertem a Cristo e se tornam membros
da Igreja, somam-se também ao Reino,
que assim cresce" (Ibid., pp.552-53).
Michael Dusing diz, entretanto, que
existem outras interpretações no entendimento da “distinção entre Reino e
Igreja. George E. Ladd entendia que o
Reino era o reinado de Deus, e a Igreja, por contraste, a esfera do domínio
divino as pessoas sujeitas ao governo
de Deus. De modo semelhante aos que
distinguem entre Reino e Igreja, Ladd
achava que não se deveria equiparar os
dois. Pelo contrário, o Reino cria a Igreja,
e a Igreja dá testemunho do Reino. Além
disso, a Igreja é o instrumento e depositária do Reino, como também a forma
que o Reino ou reinado de Deus assume
na Terra: uma manifestação concreta
de governo soberano de Deus entre a
raça humana" (Ibid., p.553). Finalmente,
uma terceira e última posição distintiva é
apontada pelo mesmo autor. Ele afirma
que há autores que “distinguem Reino de
Deus e Igreja poracreditarem ser aquele
primariamente um conceito escatológico,
ao passo que esta possui uma unidade
mais temporal e presente. Louis Berkhof
considera que a ideia bíblica primária do
Reino é o governo de Deus ‘reconhecido
nos corações dos pecadores mediante
a poderosa influência regeneradora do
Espírito Santo'. Esse governo já é exercido na Terra, em princípio Ca realização
presente dele é espiritual e invisível'),
mas não o será de modo completo antes
da segunda vinda visível de Cristo. Em
outras palavras, Berkhof defende um
aspecto de já/ainda não' operando no
relacionamento entre Reino e a Igreja.
Por exemplo: Jesus enfatizava a realidade presente e o caráter universal do
Reino, concretizados de modo inédito
mediante seu próprio ministério. Além
disso, Ele oferecia uma esperança futura:
o Reino que viria em glória. Nesse aspecto, Berkhof não fica longe das posições
teológicas declaradas supra, que descrevem o Reino em termos mais amplos
que a Igreja. O Reino (palavras dele) ‘visa
nada menos que o total controle de todas
as manifestações da vida. Representa o
domínio de Deus em todas as esferas
da atividade humana"' (Ibid., pp.553-54).




2. NATUREZA E
IDENTIDADE DA IGREJA 
    2.1 - Igualitária. Ao outro grupo que,
não mais baseado na nacionalidade ou etnia, acolhera a palavra do Evangelho, Jesus
Cristo denominou-o de “Igreja” (Mt 16.18).
Este é composto de pessoas de todos os
tempos e de todas as tribos e nações, pois
não nasceram da carne, nem do sangue,
nem da vontade humana, mas da parte
do próprio Deus (Jo 1.12,13; Ap 7.9). Quem
acolheu a palavra do Evangelho e faz parte
da Igreja, não deve reivindicar distinção,
pois como o Senhor ensinou, somos todos
iguais (Lc 22.24-27). Lembrando também
do ensinamento do apóstolo Paulo, só há
um “cabeça" na Igreja que é Cristo, nós
somos seus membros em particular (1 Co12.12-27; Ef 1.22; 4.15,16). 
    2.2 -Serviçal. Jesus instituiu a Igreja para
que ela seja uma extensão de seu ministério.
E qual foi o ministério de Jesus? Servir as
pessoas. Assim é que Ele ensina-nos a que
igualmente sirvamos (Lc 24.27; Jo 13.1-20). 
2.3 - Comunitária. Não é sem propósito
que a Igreja é comparada a um corpo ou
a uma família, pois essa deve ser a sua
natureza. A Igreja do primeiro século assim
viveu e deixou-nos o exemplo (At 2.42-47). 

AUXÍLIO DIDÁTICO 2 
Não há nenhuma dificuldade na
exposição desse tópico, pois consiste
exatamente do que está registrado nas
Escrituras. Infelizmente, é possível que
surja alguma dificuldade em relação ao
que a Palavra de Deus dize o que o aluno
observa na prática do dia adia. Contudo, é
necessário refletir acerca do fato de que
a “Igreja é o estandarte da reconciliação
entre a humanidade e Deus, e dos seres
humanos entre si. É ‘a comunidade dos
pecadores justificados,... que experimentam a salvação, e que vivem nas ações
de graças... Ela, com os olhos fitos em
Cristo, vive no Espírito Santo’. O ministério que se estende à Igreja afirma que,
aquilo que nos vincula num só, não pode
ser resumido na forma de dogmas, mas
tem muita coisa a ver com o ser incluído
numa comunidade que reflete a comunhão com Deus e. subsequentemente o
convívio fraternal com uma humanidade
redimida" (KLAUS, Byron D. A Missão
da Igreja In HORTON, Stanley M. (Ed.).
Teologia Sistemática: Uma perspectiva
pentecostal. i.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
1996, p.6oo). Esse aspecto comunitário da
Igreja é tratado nos "escritos do apóstolo
João (especialmente João 17 e 1 João 4)"
e. segundo Byron Klaus. 'sugerem um
paralelo entre a comunhão dentro da
Trindade e a comunhão potencial dentro
da Igreja. João 17 registra a oração de Jesus na qual Ele faz um paralelo explícito
entre a comunhão que Ele tem conhecido
com 0 Pai e aquela que, segundo Ele está
pedindo na oração, será manifestada
entre os crentes da terra. O ministério
dos irmãos na fé uns aos outros deve
envolver atividades que fornecerão uma
expressão sobrenatural da comunhão
entre as Pessoas da Deidade e o povo
de Deus na terra, ligando portanto, entre
si, os relacionamentos verticais e horizontais. Por isso, devemos tratar nossos
irmãos, membros da Igreja, coma mesma
atitude de comunhão e convívio amoroso
que Deus nos oferece. A comunhão com
Deus sem comunhão com nossos irmãos
e irmãs no Senhor fica fora do alvo, bíblica
e relacionalmente" (Ibíd.).
O mesmo autor aprofunda a questão
ao dizer que 0 “ministério á Igreja inclui
o compartilhar da vida divina. Só temos
a dinâmica daquela vida à medida que
permanecermos nEle e continuarmos repassando a sua vida uns aos outros dentro do Corpo. Esse processo de edificação é
descrito por Paulocomo relacionamentos
de mútua confiança: pertencemos uns
aos outros, precisamos uns dos outros,
afetamos uns aos outros (Ef413-16). Essa
mútua confiança inclui abnegação para
ajudarmos a suprir necessidades uns dos
outros. Não somos um clube social mas,
sim. um exército que exige mútua cooperação e solicitude ao enfrentarmos o
mundo, negarmos a carne e resistirmos ao
diabo”. Aspecto importantíssimo é o fato
de que "Deus não pede conselhos a respeito de quem Ele trará à Igreja. Gálatas
3.26-29deixaclaroquetodasas barreiras
entre Deus e a humanidade, levantadas
ao longo da história, bem como as barreiras entre uns seres humanos e outros,
foram tornadas irrelevantes por Cristo. O
Espirito transcendeu os vínculos e fronteiras humanos, e colocou-nos numa união
onde vivemos na prática as implicações
de pertencermos uns aos outros por
causa de nossa mútua fraternidade em
Cristo. Quer sejamos ricos ou pobres, cultos ou incultos, talentosos ou imperitos, e
independentemente de nossa etnicidade,
não devemos desprezar uns aos outros
nem imaginar que temos uma posição
de superioridade em relação aos outros
diante de Deus. Não há favoritismo com
Deus (Ef 6.8; Tg 2.1-9) O bid., p.601)’. 
Klaus deixa exemplifica a importância
dessa dimensão da Igreja ao falar que o
"emprego por Paulo da metáfora a respeito da igreja reconhece que todas as
partes do corpo 'são interdependentes e
necessárias à saúde do corpo '.A dinâmica
do relacionamento não é meramente uma
opção conveniente. Fomos feitos à imagem de Deus (Gn 126-28), e a Igreja tem
o propósito de ser uma restauração corpórea da imagem quebrada. A Igreja não
é simplesmente uma ideia genial como
também é essencial ao plano divino da redenção (Ef 3.10,11), Deus manifesta sua
presença ao mundo através de um povo
interdependente de pessoas que servem
umas às outras” (Ibídem). Assim, completa
o mesmo autor a esse respeito: “Porque
o ministério à Igreja reflete uma figura
bíblica que representa a Igreja como um
organismo, podemos ver como a dimensão relacionaida vida na Igreja édinâmica,
e não estática. Certamente exercemos
algum efeito uns sobre os outros. 0 ministério à Igreja corrige a tendência da
sociedade ocidental de enfatizar o indivíduo mais do que a comunidade. O ministério da Igreja inclui equipar um grupo de
pessoas que vive em mútua comunhão,
capacitando-a sacrescerat é formar uma
entidade amorosa, equilibrada e madura.
Paulo diz claramente em Efésios 411-16
que a equipagem dos santos para o
serviço compassivo em nome de Cristo
deve acontecer numa comunidade. O
crescimento espiritual e o contexto em
que ele ocorre de modo mais eficaz não
surgem por mera coincidência. O amadurecer do crente não poderá acontecer
fora da comunidade da fé. O discipulado
não possui nenhum outro contexto que
não seja a Igreja de Jesus Cristo, porque
não se pode seguir fielmente a Jesus à
parte de uma participação cada vez mais
madura com outros crentes na vida e no
ministério de Cristo” (Ibid.. pp.601-02). 

3. A MISSÃO
E O SUSTENTO DA IGREJA 
   3.1 - Chamados para dar os frutos do
Reino.
Há entre nós um grande perigo de
acharmos que ocupamos o lugar do povo
de Israel para dominarmos o mundo. Essa
equivocada ideia, chamada de “teologia
da substituição”, é defendida como se a
Igreja, tida como “Israel de Deus", pudesse
desfrutar de todas as bênçãos materiais prometidas pelo Criador ao seu povo no
Antigo Testamento. Entretanto, ao se
estudar o contexto da parábola dos maus
vinhateiros, ou lavradores, por exemplo,
veremos que foi justamente o abuso de
terem se achado em posição superior,
que os vitimara (Mt 21.33-46), E é neste
contexto que Jesus fala acerca de “tirar”
a representatividade do Reino deles e
de entregá-la a outros para que deem os
frutos do Reino (Mt 21.43; Mc 12.9; Lc 20.16). 
   3.2 - A missão da Igreja. Conforme
instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da
Igreja, como “geração eleita, sacerdócio
real, nação santa e povo adquirido”, assim
como Israel o fora, é anunciar “as virtudes
daquele que [nos] chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9), e representar o que significa ser governado por
Deus, nada tendo com domínio do mundo. 
   3.3 - O poder da Igreja. Jesus é quem
fundou e sustenta a Igreja, por isso, Ela é
mantida pelo poder de Deus (Mc 16.20).
Não é obra humana, nem propriedade
de ninguém. A Igreja pertence ao próprio
Jesus (Ef 5.22-33). 

AUXÍLIO DIDÁTICO 3 
Quanto a este último tópico, o caso
é basicamente o mesmo do anterior. A
missão e o “poder" da Igreja são questões muito claras na Bíblia, sem necessidade alguma de grandes discussões,
tendo que simplesmente observar o
que preceitua a Palavra do Senhor.
Não obstante, é necessário dizer algo
a respeito do assunto tendo em vista
o fato de que os alunos estão iniciando sua caminhada. Tal é importante
pelo fato de que, como afirma Byron
Klaus, a “comunidade que mantém sua
comunhão na fé consta, idealmente,
como uma lembrança sempre presente diante do mundo de como parece a vida quando o Reino de Deus está
presente", pois, a despeito do fato de
que “ensinar a verdade da Palavra de
Deus certamente seja um ministério
vital à Igreja, os discípulos são edificados, não somente mediante o ensino
da verdade, mas também por estarem
numa comunidade positiva, amorosa e
generosa de pessoas que, juntas, estão
sendo conformadas à imagem de Cristo”
(KLAUS, Byron D. A Missão da Igreja In
HORTON. Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal.
i.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.602).
Ponto fundamental nessa temática é
a diakonia, ou seja, o “serviço" ou "ministério" que, de acordo com o mesmo
autor, trata-se dos “esforços no serviço
a Cristo que continuam o ministério
encarnacional que Ele realizou e que
nos ajuda a realizar. O caráter desse
ministério é servir; não imita o padrão
da autoridade ou do propósito que este
mundo impõe. A essência do ministério tem sido exemplificado por Cristo
de uma vez para sempre (Mc 10.45) e.
como consequência, servimos a Cristo
por meio de servir à criação que está
debaixo do seu senhorio" (Ibid., p.604).
Klaus explica que a "dimensão de
serviço no ministério leva-nos. além
de divulgaras boas-novas com denodo
e coragem, a participar do desejo de
Deus que é alcançar de modo prático
os marginalizados da sociedade. As
pessoas que não têm ninguém para
pleitear a sua causa, e que se encontram desconsideradas e abandonadas,
também foram criadas à imagem de
Deus. A Igreja, revestida pelo poder
do Espirito, terá de passar das palavras
para as ações se quer ver realizados os
propósitos de Deus. Não poderá haver
maneira de fugir deste fato: se vamos
realmente servir no ministério continuado de Jesus Cristo, esse serviço deverá seguir o exemplo do seu ministério".
O mesmo autor faz referência a Lucas
4.18-21, dizendo que tal texto “enfatiza
o ministério do tipo de servo". Apesar
de ele reconhecer que o ministério de
Jesus “leva-nos adiante, para alguma
coisa além de uma mera versão cristã
da Cruz Vermelha” e que o “mal que
é perpetrado no mundo inteiro já foi
vencido por Cristo", Klaus questiona
como é possível exercer o ministério
de servo demonstrando essa vitória em
meio a tanta maldade. Sua resposta é
que as “incapacidades físicas não são
impedimentos para o Reino de Deus.
No meio da enfermidade e da tragédia
física, temos o privilégio de dizer agora:
‘Levante-se e seja curado!* Àqueles
que estão amarrados pelo demonismo, presos pelo poder destrutivo do
maligno, podemos proclamar que a
libertação está perto e que o 'novo*
governo de Deus liberta os cativos. Às
numerosas massas que a sociedade
tem abandonado à beira do caminho
da vida, podemos demonstrar com
autoridade, mediante os nossos atos
tangíveis de misericórdia e compaixão,
que o Reino de Deus traz dignidade e
valor humanos a ‘um destes pequeninos* (Mt 25.40)" (Ibidem).
Na realidade, a "Igreja, cheia do Espirito de Deus, pode crescer de modo
criativo e agir com compaixão através
do serviço (inspirado pelo coração
reconciliador de Deus) de 'um destes
pequeninos*. O poder de Deus para a
nossa transformação reúne-nos em comunidades que refletem coletivamente
a reconciliação com Deus (1 Co 12.13; 2
Co 5.17-20). Essas comunidades revestidas de poder não devem se restringir
a determinadas pessoas, porque Deus
já identificou com clareza o objeto de seu amor (Lc 4-18.19)- Temos de imitar
o nosso Supremo Comandante, que
busca os que estão amarrados pelo
pecado, mantidos cativos pelo diabo. O
Espirito deseja dar ao seu povo poder
para penetrar com ousadia nas arenas
do desespero e da destruição, para
que não nos tornemos uma Igreja do
tipo censurada pelo profeta Amós um
povo com uma religião ritualizada, sem
compaixão e sem conteúdo ético. Para
o bem do nosso testemunho, precisamos esquecer-nos dos nossos direitos,
ser humildes e perdoadores no meio da
perseguição, e ‘[...1 sempre preparados
para responder com mansidão e temor
a qualquer que inosl pedir a razão da
[nossa] esperança [...]. tendo uma boa
consciência’ (1 Pe 315.16)" (Ibidem). Isso
significa que. de acordo com Klaus, o
nosso “testemunho diante do mundo
é a operação prática de nossa participação na missão de Deus: a reconciliação com 0 mundo. Proclamamos e
demonstramos o caráter compassivo
e o poder autoritativo de Cristo, que
já irromperam nesta era. Por meio de
palavras e de ações, damos testemunho das boas-novas de que Jesus ama
os pobres, os doentes, os famintos, os
endemoninhados. os fisicamente torturados, os emocionalmente feridos, os
destituídos de amor e até mesmo os
auto suficientes. E então continuamos
a amá-los e a cuidar deles, fazendo
deles discípulos que já não sejam
'meninos inconstantes, levados em
roda por todo vento de doutrina, pelo
engano dos homens que, com astúcia,
enganam fraudulosamente' (Ef 414)"
(Ibíd., pp.605-06).





CONCLUSÃO 
Com a Lição de hoje você teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a
identidade da “Noiva do Cordeiro” (Ap 19.7).
Tal conhecimento está apenas começando, pois como parte desse povo, você se
desenvolverá e, certamente, conhecerá
ainda mais sobre o seu papel no Reino
de Deus.

VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO 
1. Comente sobre o projeto do Reino de
Deus. 
 Conquanto a resposta seja pessoal,
devido ao fato de o assunto ter sido objeto de estudo em várias lições, é preciso
que o aluno saiba falar do tema, mais ou
menos, nos seguintes termos: O projeto do Reino de Deus foi interrompido,
em parte, por causa da desobediência
da humanidade, tendo o Senhor então
formado um povo para vivenciá-lo na
prática e servir de modelo ao mundo
todo. Infelizmente, Israel falhou e Deus
então enviou o seu próprio Filho para
então “inaugurá-lo" em uma nova perspectiva, chamando a todos os que creem
a fim de que permitam ser orientados
pelo Criador e sirvam de exemplo às
demais pessoas. Nesse formato, temos
então o reinado de Deus em nossa vida, apontando, peta fé, o que será a vida
quando o Reino de Deus for implantado
definitivamente no mundo. 

2. Após a rejeição de Israel, como as pessoas são alcançadas e se tornam filhas
de Deus? 
 Através da fé em Jesus Cristo, Deus
alcança diretamente a qualquer pessoa
que humildemente acolha a palavra do
Evangelho. 

3. O que significa a natureza igualitária da
Igreja de Cristo? 
 Na perspectiva do Evangelho, como o
Senhor ensinou, somos todos iguais (Lc22.24-27). 

4. Para quê a Igreja foi chamada? 
 Para dar os frutos do Reino (Mt 21.43;
Mc 12.9; Lc 20.16). 

5. Qual é a missão da Igreja? 
 Conforme instrui-nos o apóstolo Pedro,
a missão da Igreja, como “geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo
adquirido", assim como Israel o fora, é
anunciar “as virtudes daquele que [nos]
chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz" (1 Pe 2.9), e representar o que significa
ser governado por Deus, nada tendo com
domínio do mundo.

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