Identificando a natureza dos conflitos

 

Conflitos na igreja primitiva revelam desafios do crescimento e mostram como liderança sábia transforma crises em oportunidades.

Atos 6.
1: ORA, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
2: E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.

1. O Crescimento e Seus Desafios

Em Atos 6.1, a igreja primitiva passa por um momento de grande crescimento: "Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos...". O crescimento numérico, embora positivo, trouxe desafios inesperados. Um deles foi o surgimento de um conflito interno, não de natureza doutrinária, mas administrativa e social. As viúvas dos helenistas (judeus de fala grega) estavam sendo esquecidas na distribuição diária dos alimentos, enquanto as das famílias hebraicas (de fala aramaica) eram atendidas normalmente.

Essa situação evidencia que todo crescimento exige estrutura. À medida que a comunidade cresce, surgem necessidades logísticas mais complexas, exigindo organização, liderança e sensibilidade. O conflito, portanto, não nasceu da maldade, mas de uma falha de gestão, agravada por questões culturais e linguísticas.

2. A Sensibilidade da Liderança

Em Atos 6.2, os doze apóstolos chamam a atenção para um ponto crucial: "Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas." A declaração não é um menosprezo ao serviço social, mas uma definição clara de prioridades e funções. A liderança espiritual não poderia abandonar sua principal missão: a oração e o ensino da Palavra.

Ao invés de ignorar o problema ou tentar resolvê-lo sozinhos, os apóstolos demonstram sabedoria ao envolver a comunidade na busca de solução. Isso mostra que a boa liderança identifica a natureza dos conflitos e promove a cooperação, em vez de centralizar tudo ou gerar divisão.

3. Conflitos são Oportunidades de Crescimento

O texto nos ensina que conflitos não devem ser ignorados, nem encarados como algo sempre negativo. Quando bem geridos, podem se tornar catalisadores de crescimento espiritual, organizacional e relacional. A escolha dos sete diáconos, logo em seguida, é fruto direto dessa crise, mostrando que Deus pode usar dificuldades para promover amadurecimento.

Portanto, em vez de temer os conflitos, a igreja de hoje deve aprender a discerni-los, entendendo suas causas — sejam elas culturais, administrativas ou espirituais — e tratá-los com sabedoria e amor.

Conclusão

Atos 6.1-2 é um retrato claro de que nem mesmo a igreja primitiva estava livre de tensões internas. Porém, com discernimento, oração e participação da comunidade, os conflitos se tornaram oportunidades de fortalecimento e expansão do Reino de Deus.

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