Lição 09 - Vontade - O que move o ser humano

Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.

Adultos 4° Trimestre de 2025

30 de Novembro de 2025

TEXTO ÁUREO
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl 5.16)

VERDADE PRÁTICA
Guiada por Deus, a vontade é uma bênção extraordinária, vital para a existência humana.

LEITURA DIÁRIA
Segunda – 1 Co 7.37–39 Poder sobre a própria vontade
Terça – Jo 6.38–40 Jesus cumpriu inteiramente a vontade do Pai
Quarta – Pv 31.10–13 A mulher virtuosa trabalha de boa vontade
Quinta – Ef 6.5–9 Trabalhando de boa vontade
Sexta – 1 Jo 2.15–17 Renunciando à própria vontade
Sábado – Fp 2.12,13 Deus implanta bons desejos em nós

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gálatas 5.16-21; Tiago 1.14,15; 4.13-17
Gálatas 5

16 - Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.
17 - Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.
18 - Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19 - Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,
20 - idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21 - invejas, homicídios, bebédices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
Tiago 1
14 - Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
15 - Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.
Tiago 4
13 - Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos.
14 - Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece.
15 - Em lugar do que devieis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
16 - Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna.
17 - Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado.

Hinos Sugeridos: 73, 360, 568 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO

Nesta lição, vamos refletir biblicamente sobre a vontade humana — faculdade essencial que, quando guiada por Deus, se torna uma poderosa ferramenta para escolhas sábias e vida frutífera. Ao explorar o conflito entre carne e Espírito, estimule seus alunos a entender como pensamentos e desejos moldam ações. Que esta aula seja marcada por despertamento espiritual e prática cristã consciente.

2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Explicar o conceito bíblico de vontade como capacidade dada por Deus para escolher e agir; II) Mostrar como os desejos podem escravizar o ser humano, mas também como a redenção em Cristo capacita o crente a vencer a carne e viver guiado pelo Espírito; III) Ensinar a identificar o processo de tentação, compreendendo como o desejo se desenvolve até o pecado.
B) Motivação: As nossas escolhas refletem nossa maturidade espiritual. Teologicamente, a vontade revela o conflito entre carne e Espírito e a necessidade de rendição ao senhorio de Cristo. Pedagogicamente, ela desperta consciência e responsabilidade diante das decisões diárias.
C) Sugestão de Método: Para introduzir a lição, sugerimos que escreva em cartazes ou projete no quadro algumas frases como “Eu faço o que quero”, “Sigo meu coração”, “Minha vontade é lei”, e peça que os alunos opinem sobre cada uma, relacionando-as com atitudes do cotidiano. Em seguida, conduza um breve debate perguntando: “Nossa vontade sempre nos leva ao melhor caminho?”. Essa abordagem desperta o interesse, estimula a reflexão e prepara os alunos para entender, à luz da Bíblia, como a vontade humana precisa ser submetida à direção do Espírito Santo para produzir frutos espirituais e escolhas abençoadas.

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação:
Ao final desta lição, cabe a seguinte indagação: “Tenho escolhido agradar a Deus ou satisfazer a mim mesmo?”. Aqui, temos a oportunidade de orar com a classe a fim de que a nossa vontade seja moldada pela Palavra e guiada pelo Espírito Santo.

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 103, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Os Componentes Básicos dos Seres Humanos”, localizado depois do primeiro tópico, aprofundado o assunto “Vontade: Motivação e Ação”; 2) O texto “A Imagem de Deus nos Seres Humanos”, ao final do segundo tópico, aprofunda o assunto “Desejos: Da Escravidão à Redenção”.


INTRODUÇÃO
Nas lições anteriores estudamos sobre duas das principais faculdades da alma: o intelecto e a sensibilidade. Vimos a relação entre o que pensamos e sentimos e como pensamentos e sentimentos podem influenciar a vontade e as decisões. Pensar, sentir, desejar e agir costumam compor um mesmo fenômeno na experiência humana. É fundamental compreender como isso funciona à luz da Palavra de Deus. Nesta lição estudaremos mais especificamente a respeito da vontade.

I – VONTADE: MOTIVAÇÃO E AÇÃO

1. Conceito de vontade. Volição ou vontade é a capacidade humana de desejar, querer, almejar, escolher e agir. Pode ser entendida também como motivação. Sem desejo ou vontade não há motivação e, via de consequência, ação. Nesse conceito amplo, há manifestação da vontade mesmo quando o que fazemos não era originariamente nossa vontade, mas de outrem, se a ela aderimos voluntariamente (Sl 1.43.10; Lc 22.4.2). A conversão é um exemplo de mudança na vontade humana por meio do arrependimento (At 3.19). Todo verdadeiro cristão é alguém que, impulsionado pela graça de Deus, renunciou sua própria vontade para fazer a vontade de Cristo (Mt 16.24.). É o livre-arbítrio funcionando (Hb 2.3; 3.7–13; Ap 22.17).
2. Do pensamento à ação. Um pensamento pode ser apenas um pensamento, sem relação alguma com um sentimento ou um desejo. Por exemplo: podemos pensar em uma viagem que fizemos sem que isso nos traga qualquer emoção. Mas também podemos recordar com nostalgia e desejar viajar novamente. E esse desejo pode nos motivar a comprar a passagem e repetir a experiência. Em um caso assim ocorre um fenômeno completo: pensamento, sentimento, desejo e ação. Aconteceu com Eva no Éden. Em sua conversa com a serpente, a mulher refletiu sobre o significado do fruto da árvore da ciência do bem e do mal até ser enganada (1 Tm 2.14). Ao acreditar na falsa elevação que obteria (“sereis como Deus”, Gn 3.5) certamente sentiu alguma emoção. O próximo passo foi a manifestação do desejo, que gerou a ação: tomou do fruto e comeu (Gn 3.6).
3. Fraqueza de vontade. Adão pecou sem ser enganado. Isso significa que seu entendimento da proibição e consequências relativas ao fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não foi alterado. O problema de Adão se deu na esfera da vontade. Em vez de permanecer firme em seu propósito de obedecer a Deus, decidiu pecar aderindo à vontade de Eva, que lhe deu o fruto (Gn 3.6; Rm 5.12). Quantas decisões erradas tomamos plenamente conscientes de suas consequências! Da violação de uma restrição alimentar a condutas mais graves, muitas vezes o desejo fala mais alto que a razão. A busca do prazer pelo prazer é uma característica da cultura hedonista. Vícios e compulsões arrastam multidões, mesmo que elas conheçam seus destrutivos efeitos. Assim, só Jesus pode libertar o ser humano de prisões espirituais (Jo 8.36; Rm 1.16).

SINOPSE I
A vontade é a capacidade humana de desejar e agir, sendo influenciada por pensamentos, sentimentos e decisões espirituais.

AUXÍLIO DE TEOLÓGICO
“OS COMPONENTES BÁSICOS DOS SERES HUMANOS

O Novo Testamento menciona ainda a ‘mente’ (nous, dianoia) e a ‘vontade’ (thelema, boulema, boulêsis). A ‘mente’ denota a faculdade da percepção intelectual, bem como a capacidade de fazer julgamentos morais. Em certas ocorrências no pensamento grego parece formar um paralelo com o pensamento do Antigo Testamento. Em outros termos, parece que os gregos distinguiam os dois (ver Mc 12.30). Ao considerar a ‘vontade ou volição’ humana pode ser representada, por um lado, como um ato da mente que se dirige a uma escolha livre. Mas, por outro lado, pode ser motivada por um desejo que provém pressuroso do inconsciente. Posto que os escritores sagrados usavam esses termos de várias maneiras (assim como fazemos na linguagem cotidiana), é difícil determinar com precisão, pelas Escrituras, onde termina a ‘mente’ e começa a ‘vontade’” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, pp.245-46).


II – DESEJOS: DA ESCRAVIDÃO À REDENÇÃO

1. A experiência do deserto. O povo de Israel tornou-se escravo dos seus desejos durante a peregrinação pelo deserto: “deixaram-se levar da cobiça, no deserto, e tentaram a Deus na solidão. E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a alma” (Sl 106.14,15). Apesar das grandes maravilhas operadas por Deus, os hebreus, tomados de ingratidão, lembravam-se das comidas do Egito e se deixavam dominar por seus desejos (Nm 11.5,6). Pensavam, sentiam e desejavam o que lhes era servido na casa da escravidão, de onde haviam sido libertos com mão forte (Êx 20.2; Dt 26.8). O culto aos desejos lhes trouxe terríveis consequências: perecimento e morte (Sl 78.29-33; Nm 11.33-34; 14.29). Como nos adverte Paulo, tudo isso foi escrito para aviso nosso. Não nos deixemos levar por nossos próprios desejos (1 Co 10.1-13).
2. Os desejos na era cristã. O drama dos desejos continua na era cristã, com uma diferença fundamental: Cristo venceu o pecado e nos dá poder para também vencê-lo (Rm 6.3-6,11-14). Contudo, enquanto estivermos neste corpo mortal enfrentaremos um conflito espiritual constante. Todo o cristão precisa decidir diariamente entre sua vontade carnal e a vontade do Espírito: “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.17). A carne (sarx, natureza pecaminosa) tem seus próprios desejos, que são contrários ao Espírito. Vê-se, então, em nosso interior, uma luta travada. Cabe-nos decidir entre satisfazer os desejos da carne, que são pecaminosos, ou atender a voz do Espírito e viver segundo sua direção (Gl 5.18).
3. A decisão do homem redimido. A obra da salvação realizada por Cristo nos liberta do poder do pecado. Diante dos desejos da carne e da vontade do Espírito, o homem redimido inclina-se “para as coisas do Espírito” (Rm 8.5). Isso é resultado de sua nova natureza (Ef 4.24; 2 Co 5.17). Significa que não podemos nos conformar com os desejos do velho homem, mas, pelo poder do Espírito, nos dedicar ao processo de mortificação de nossa carne, a velha natureza (Rm 8.11-13; Cl 3.5). Nosso desejos pecaminosos não deixam de existir, mas em Cristo triunfamos sobre eles; vivendo, andando e frutificando no Espírito (Gl 5.22-25; 1 Jo 3.6).

SINOPSE II
Os desejos podem escravizar o ser humano, mas em Cristo há poder para vencê-los e viver segundo o Espírito.

AUXÍLIO DE TEOLÓGICO
“A IMAGEM DE DEUS NOS SERES HUMANOS

A respeito da imagem moral de Deus nos seres humanos, ‘Deus fez ao homem reto’ (Ec 7.29). Até mesmo os pagãos, que não possuem conhecimento da lei escrita de Deus, conservam uma lei moral escrita por Ele em seus corações (Rm 2.14,15). Em outras palavras, somente os seres humanos possuem a capacidade de sentir o que é certo e errado, bem como o intelecto e a vontade necessários para escolher entre eles. Por esta razão, os seres humanos são chamados livres agentes morais. Diz-se também que possuem autodeterminação. Efésios 4.22–24 parece indicar que a imagem moral de Deus, embora não completamente erradicada na Queda, foi afetada negativamente até certo ponto. Para ter restaurada a imagem moral ‘em verdadeira justiça e santidade’, o pecador precisa aceitar a Cristo e se tornar uma nova criação” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.260).


III – O ENSINO SOBRE OS DESEJOS EM TIAGO

1. Atração e engano. Tiago 1.14,15 trata dos desejos carnais e suas consequências. Empregando o conhecido termo “concupiscência” (epithumia) com o sentido de “maus desejos”, o apóstolo refere-se ao processo de tentação e pecado: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado por sua própria concupiscência” (Tg 1.14). A faculdade da vontade é retratada neste texto como um elemento de comunicação interna que tem a capacidade de atrair e enganar. Assim sendo, o mau desejo é capaz de afetar a própria razão, levando-a a acreditar que o pecado não produz consequências ruins, mas boas. Nesse processo, a mente é entorpecida depois do desejo ter sido aguçado.
2. Abortando o processo. Na lição 7 estudamos sobre a importância de interromper maus pensamentos para evitar a prática de pecados. Pelo texto de Tiago observamos que é preciso, também, abortar os maus desejos. Aliás, eles são ainda mais perigosos, pois podem influenciar diretamente nossas decisões. Quando encontra seu objeto ou alvo o desejo se torna intenso. Se não for rejeitado, não descansa até convencer, derrubando as barreiras da consciência: “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15). Que o Senhor nos livre de toda a tentação (Mt 6.13). Não nos esqueçamos, contudo, de fazer a nossa parte: viver em constante vigilância e oração (Mt 26.41).

SINOPSE III
Tiago revela como os maus desejos geram o pecado, alertando sobre a necessidade de vigilância e domínio espiritual.

CONCLUSÃO
Apesar de nossa tendência pecaminosa, não podemos encarar os desejos apenas de forma negativa. A vontade humana é uma faculdade essencial para a nossa existência. Quando guiada por Deus é uma grande bênção, responsável por nos mover para pequenas e grandes realizações. Como é bom amanhecer motivado todos os dias! O ânimo e o entusiasmo fazem parte de uma vontade sadia e ativa. São dados por Deus e servem para nos impulsionar para as tarefas cotidianas, independentemente da fase da vida (Sl 92.12–14; Jl 2.28; Tg 4.15).

REVISANDO O CONTEÚDO
1. Qual o conceito de vontade?
Volição ou vontade é a capacidade humana de desejar, querer, almejar, escolher e agir. Pode ser entendida também como motivação.

2. Como se dá um fenômeno completo, envolvendo vontade e ação?
Em um caso assim ocorre um fenômeno completo: pensamento, sentimento, desejo e ação.

3. Como se dá o conflito entre vontade e razão?
Da violação de uma restrição alimentar a condutas mais graves, muitas vezes o desejo fala mais alto que a razão. A busca do prazer pelo prazer é uma característica da cultura hedonista.

4. Como deve agir o homem redimido diante dos desejos da carne?
Diante dos desejos da carne e da vontade do Espírito, o homem redimido inclina-se “para as coisas do Espírito” (Rm 8.5).

5. Como os desejos atuam para nos enganar?
Assim sendo, o mau desejo é capaz de afetar a própria razão, levando-a a acreditar que o pecado não produz consequências ruins, mas boas.

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